O mundo Pós-Moderno

Na última aula de EDC 287 tivemos a oportunidade de assistir a uma entrevista do sociólogo polonês Zygmunt Bauman ao programa Fronteiras do Pensamento, e logo após fomos convidados por nossos professores a postar uma reflexão acerca dos assuntos abordados no vídeo.

Para quem não o conhece, Zygmunt Bauman tornou-se famoso no meio intelectual por suas análises das ligações entre modernidade e pós-modernidade sendo que, para esta última, ele costuma enfatizar o caráter líquido de suas relações. Bauman possui dezesseis obras publicadas no Brasil, dentre as quais destacam-se Amor Líquido, Medo Líquido e O Mal estar da Pós-Modernidade.

No início da entrevista, Bauman tece alguns comentários acerca da condição social no mundo pós-moderno, lembrando que o homem experimentou, no século XX, a passagem de uma sociedade de produção, para uma sociedade de consumo. Tal assertiva me fez pensar que pode residir justamente aí a explicação para a indecisão que a sociedade contemporânea parece ter sobre quais rumos tomar de agora em diante. Uma vez dispensada da tarefa de construir um mundo novo – algo que já foi feito pelos seus antepassados – o homem agora se vê perdido em meio a tantas escolhas, tantas opções de consumo. Tanta acomodação, porém nenhum desafio pré-estabelecido.

Logo após, o sociólogo nos apresenta outra característica dos tempos atuais, que seria a fragmentação da vida. Agora não mais nos preocupamos com um projeto único de vida, proposto por Jean Paul Sartre, mas sim vivemos nossas vidas dividas em episódios, sem jamais saber o que nos ocorrerá na etapa seguinte. Tal modelo de vida implica numa redefinição do conceito de identidade, que outrora era algo herdado, mas que agora fica sob a responsabilidade de cada indivíduo criar a sua própria persona, sabendo que sua criação não será algo permanente; do contrário, passamos agora toda a vida redefinindo as nossas identidades.

O que nos interessou ontem talvez não seja de nosso agrado hoje, e aquilo que nos interessa hoje pode não vir a nos interessar amanhã. Enxergo isso como uma consequência do modelo de vida capitalista em que estamos inseridos, onde a reprodutibilidade e a descartabilidade exacerbadas nos mal acostumaram a ver tudo como passível de troca, sempre, inclusive as relações humanas.

É justamente no assunto das relações humanas que Bauman toca no continuar da entrevista ao classificar a pós-modernidade como um período de transição entre tipos de ordem social. Para ele uma das mudanças de ordem social irreversíveis é a multiplicação da relações sociais, resultando em uma dependência mútua dos seres e de caráter global. Nunca antes no planeta algo ocorrido em um canto do globo impactaria a vida de outras pessoas em outro hemisfério. A ágora pós-moderna se ocupa de compartilhar aquilo que antes era estritamente confidencial. E para um mundo cada vez mais sem fronteiras, Bauman sugere que o futuro para a democracia seria pensá-la não mais em uma perspectiva Estado-Nação, mas sim sob um prisma Estado-Globo.

No que tange ao indivíduo, a inserção à era das redes rompe com conceitos de laços humanos antes característicos das comunidades. Ele cita a curiosa passagem do sujeito viciado em Facebook que confessou ter feito 500 amigos em um dia para exemplificar como o conceito de amizade mudou de uma geração para outra. A comunidade precede o indivíduo, segundo palavras do próprio sociólogo, enquanto que as redes são mantidas justamente pela volatilidade dos laços.

A fácil adoção e descontinuidade são muito comuns nos tempos de hoje. O que mais uma vez nos leva a pensar em como o modus operandi do capitalismo transcendeu o âmbito das operações cambiais para ditar tendências também nas relações interpessoais. Tão acostumados a realizar operações através do clique de botões, agora também nos desfazemos de amizades com a mesma praticidade.

 

Educação e tecnologias móveis

Semana passada, criei um post aqui no blog para falar da disponibilzação da plataforma Khan Academy em português. Os investimentos em recursos tecnológicos, que servem como complemento à abordagem tradicional de ensino, vêm sem tornando cada vez maiores.

Várias escolas já enquadram seus modelos de ensino levando em consideração a intimidade que os seus alunos têm com a tecnologia. De forma inteligente, ao invés de proibir e fechar os olhos para esta mudança, os recursos tecnológicos já viraram inclusive atrativo de muitas escolas numa forma de diferenciar-se daquelas instituições que ainda não incorporaram as novas ferramentas de ensino.

Achei um artigo interessante, de autoria de Nadir Rodrigues, no blog de um laboratório de educação da Unicamp, chamado LANTEC,  que discute de forma bastante pertinente e crítica a relação entre tecnologia e educação e o caráter móvel que esta última vem obtendo. A autora também lança uma discussão interessante acerca da mercantilização do ensino: estariam as escolas realmente levando a sério a evolução das tecnologias ou simplesmente agindo de forma oportuna e tomando proveito da novidade para apenas oferecer um produto diferente?

Interessante leitura que vos indico agora. Para ler, basta clicar no link abaixo:

http://lantec.fae.unicamp.br/inovaeduc/edicoes/inovaeduc01/tecnologia-movel-na-educacao-a-escola-a-qualquer-tempo-e-em-todo-lugar/